quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Dia dos namorados

Marçal Aquino


O rapaz e a moça entraram na pousada e, de um jeito tímido, ele perguntou o preço da diária. O velho Lilico informou e o rapaz e a moça trocaram um olhar em que faiscaram jóias de diversos tamanhos. A maior delas era a cumplicidade.

Enquanto o rapaz preenchia a ficha de entrada, a moça se afastou um pouco para examinar melhor o quadro na parede — e pude vê-la por inteiro.

Era muito bonita. Tinha os cabelos e a pele claros. Alta, magra, ossos salientes nos ombros. Estava no mundo há pouco mais de uma década e meia e, com certeza, alguém que recusara já havia escrito poemas desesperados pensando nela. Ou cortado os pulsos — o que é quase a mesma coisa.

Embora não merecesse, o quadro recebeu toda sua atenção por alguns instantes. Era uma pintura ordinária. Eu já tivera a oportunidade de analisá-la durante as longas tardes em que a chuva me impedia de sair para caminhar pela cidade. Uma cidade habitada, fora da temporada turística, por velhos, aposentados e hippies extemporâneos. Gente que tentava, de um jeito ou de outro, ser esquecida.

O quadro: penso que o artista havia experimentado um momento de genuína felicidade ao contemplar, em algum canto do país, aquelas montanhas, aquele prado, aqueles cavalos. E, generoso, decidira compartilhar esse momento com o resto da humanidade. Mas a verdade é que fracassara. A arte não é feita de boas intenções.

O olhar com que a moça se despediu — para sempre — daquela obra continha um pouco de piedade. E, com isso, ela me conquistou em definitivo.

O velho Lilico entregou a chave ao rapaz, que se voltou e sorriu para a moça. Seu ar era de alguém vitorioso. Mas sou capaz de apostar que a mão que ele juntou à dela, antes de subirem a escada de madeira, tinha a palma molhada de suor. Havia um princípio de rubor no rosto dela. Eram muito jovens e estavam vivendo um grande momento, mas não sabiam disso ainda. Essas coisas a gente só compreende depois.

Lilico deixou o balcão da recepção e foi até a copa, onde falou alguma coisa para Jair, um de seus empregados. Em seguida veio até a mesa que eu ocupava.

"Gosto de gente que chega para hospedar-se sem nenhuma bagagem", ele comentou.

"E a felicidade que eles carregam, não conta?", eu perguntei.

Ele examinou o tabuleiro, como se estivesse tentando rememorar a jogada que pretendia fazer antes de ser interrompido pela chegada do casal.

"Mandei o Jair levar uma garrafa de champanhe para eles. Cortesia da casa”.

"Fez bem", eu disse.

"Gozado, sabe quem essa moça me lembrou?"

Eu disse: "Sei".

"Acho que foram os olhos dela", ele falou. "Muito parecidos."

Retomamos o jogo e não falamos mais do casal. Eu, porém, continuei pensando neles. Num dia como aquele, anos antes, uma mulher, que entrava comigo num hotel bem diferente daquela pousada, me dissera: "Hoje eu vou te dar um presente muito especial".

Um pouco depois da meia-noite interrompemos o jogo e o velho Lilico recolheu as peças e guardou o tabuleiro. E eu já estava no meio da escada, a caminho do meu quarto, quando ele perguntou:

"Você ainda pensa nela?"

"De vez em quando eu penso."

"E por que você não vai atrás dela? Vocês dois ainda têm alguns anos pela frente."

"A mágica não acontece duas vezes", eu disse.

O velho Lilico balançou a cabeça.

"Você sabe que só em filme francês antigo o herói termina seus dias em hotéis vagabundos, escrevendo livros que nunca irá publicar”.

Eu me limitei a sorrir. Então ele me desejou "boa noite" e voltou para a recepção.

Eu subi a escada e, ao chegar ao corredor, parei diante da porta do quarto que o casal ocupava e tentei ouvir alguma coisa. Mas tudo estava silencioso. Entrei nó meu quarto e, enquanto me despia, pensei no velho Lilico. Ele tinha razão: ainda me restavam alguns anos pela frente. E essa era a pior parte da história.


Bogart

Sobretudo preto,filme noir
Um cigarro solta fumaça no ar
Loira casada,vestido vermelho ,
drogada,á beira do desespero
Lugger da segunda grande guerra,
homem por trás do jornal á espera:
dois tiros,mandíbula quebrada
caso a mercê de testemunha assustada.
Linda morena ,me visita no hospital
conhece o assassino por trás do jornal
Me beijou:marca de batom nas ataduras
caso associado a uma máfia obscura.
Visito as docas junto com a morena,
Fritz ,o alemão,aparece em cena,
-Virgínia desapareça desse lugar!
-Não,não quero lhe deixar!!
Um tiro no escuro ,dois corpos e o mar,
o alemão com os peixes agora irá descansar
Tudo é mistério e ilusão,
pobre mundo em escuridão...

Belmont.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

obs.:

a concepçao de vida é unica para cada pessoa...eu nao posso te dizer como deve viver...mas posso ressaltar para que nao negues ela...ou seja...nao negues que o dedsprazer ...o sofrimento e tudo mais ...tbm e´vida...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

apossam-se da poesia,
como cupins da minha porta.
nao envergonham-se...
de apenas demonstrar,
e jamais sentir.
exibem nossas palavras...
como blusas listradas,
com os quais se olham ao espelho.
nos seus perfis:
palavras, frases, oraçoes...
oraçoes de fé,
oraçoes de amor,
oraçoes de vida,
que nao conseguiriam entender,
ainda que lhes ensinassemos a ler.
deixem-nos em paz...
parasitas da arte.
misturam o lirismo...
com algo aquem...
de samba e melodia.
deixem-nos em paz...
recitantes de meio-dia.
para ver minha eucaristia,
tem de ser sofredor,
e poeta durante todo o dia,
sou um soneto de desamor.
me deixem! "bruxas" de poesia.


m.l.l.g.a

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

inquisiçao

membros do tribunal do santo oficio...
roguemos por nossa moral,
conservemos nosso ascetismo.
peguem seus sabres e suas tochas.
queimemos essas "imorais" impostas.
chorem pelas cabeças...
apenas quando rolarem para longe dos corpos.
olhe-a nos olhos.
marquem-las na face.
é tempo...
tempo de caça as bruxas,
e que nenhuma escape.


m.l.l.g.a

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

chegou o dia

mais um amor que se foi,
mais uma dor que ficou.
pergunto-me:
qual o tamanho do meu coraçao?
ja que aguenta enorme sofrimento,
sem ao menos sucumbir,
sem ao menos desistir,
e nunca me deixar ao leo,
como tantos outros coraçoes fizeram.
devo amar somente a ti?
(meu proprio coraçao)
ou ainda devo tentar encontrar em outros...
o que falta a mim mesmo:
felicidade...
que desvanece em cada "nao",
que se enche de esperança...
em cada talvez,
mas que desconhece...
a sensaçao do sim,
e talvez nem a sentiria...
se fosse com ele contemplado.
Na falta da verdadeira (felicidade)...
confundo-me em admitir:
sofrimento pouco, é alegria.
sofrimento muito, tristeza.

meu corpo esta dormente,
e minha cabeça dolorida...
nao deixa repetir nada mais...
do que a imagem da "verdade".
"verdade", sofrimento pouco.
o resto, sofrimento muito.
nao sei mais onde encontrar amor,
e renuncieiao materno.
fico agora com todo o lamento.

como pode eu sentir tanta dor,
e voce nenhuma?
eu sei porque.
pois sofro sozinho.
tu me deves...
me deves por enganar-te,
por nao dividir contigo...
uma cota de dor,
que era pra ser sua.
mas nao me pague.
nao, nao sou agiota.
nao vou lhe cobrar.
guarde o que me deves...
para saciar a divida...
que vc algum dia...
ha de cobrar de alguem.
quando encontrares um "amado",
veras que sua divida comigo...
era "soldavel",
mas a dele contigo...
sera impagavel.
espero que aguente a dor.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O amor por entre o verde



Não é sem freqüência que, à tarde, chegando à janela, eu vejo um casalzinho de brotos que vem namorar sobre a pequenina ponte de balaustrada branca que há no parque. Ela é uma menina de uns treze anos, o corpo elástico metido nuns blue jeans e num suéter folgadão, os cabelos puxados para trás num rabinho-de-cavalo que está sempre a balançar para todos os lados; ele, um garoto de, no máximo, dezesseis, esguio, com pastas de cabelo a lhe tombar sobre a testa e um ar de quem descobriu a fórmula da vida. Uma coisa eu lhe asseguro: eles são lindos, e ficam montados, um em frente ao outro, no corrimão da colunata, os joelhos a se tocarem, os rostos a se buscarem a todo momento para pequenos segredos, pequenos carinhos, pequenos beijos. São, na extrema juventude, a coisa mais antiga que há no parque, incluindo velhas árvores que por ali espapaçam sua verde sombra; e as momices e brincadeiras que se fazem dariam para escrever todo um tratado sobre a arqueologia do amor, pois têm uma tal ancestralidade que nunca se há de saber a quantos milênios remontam. Eu os observo por um minuto apenas para não perturbar-lhe os jogos de mão e misteriosos brinquedos mímicos com que se entretêm, pois suspeito de que sabem de tudo o que se passa à sua volta. Às vezes, para descansar da posição, encaixam-se os pescoços e repousam os rostos um sobre o ombro do outro, como dois cavalinhos carinhosos, e eu vejo então os olhos da menina percorrerem vagarosamente as coisas em torno, numa aceitação dos homens, das coisas e da natureza, enquanto os do rapaz mantêm-se fixos, como a perscrutar desígnios. Depois voltam à posição inicial e se olham nos olhos, e ela afasta com a mão os cabelos de sobre a fronte do namorado, para vê-lo melhor, e sente-se que eles se amam e dão suspiros de cortar o coração. De repente o menino parte para uma brutalidade qualquer, torce-lhe o pulso até ela dizer-lhe o que ele quer ouvir, e ela agarra-o pelos cabelos, e termina tudo, quando não há passantes, num longo e meticuloso beijo. Que será, pergunto-me eu em vão, dessas duas crianças que tão cedo começam a praticar os ritos do amor? Prosseguirão se amando, ou de súbito, na sua jovem incontinência, procurarão o contato de outras bocas, de outras mãos, de outras mãos, de outros ombros? Quem sabe se amanhã, quando eu chegar à janela, não verei um rapazinho moreno em lugar do louro ou uma menina com a cabeleira solta em lugar dessa com os cabelos presos? E se prosseguirem se amando, pergunto-me novamente em vão, será que um dia se casarão e serão felizes? Quando, satisfeita a sua jovem sexualidade, se olharem nos olhos, será que correrão um para o outro e se darão um grande abraço de ternura? Ou será que se desviarão o olhar, para pensar cada um consigo mesmo que ele não era exatamente aquilo que ela pensava e ela era menos bonita ou inteligente do que ele a tinha imaginado? É um tal milagre encontrar, nesse infinito labirinto de desenganos amorosos, o ser verdadeiramente amado... Esqueço o casalzinho no parque para perder-me por um momento na observação triste, mas fria, desse estranho baile de desencontros, em que freqüentemente aquela que devia ser daquele acaba por bailar com outro porque o esperado nunca chega; e este, no entanto, passou por ela sem que ela o soubesse, suas mãos sem querer se tocaram, eles olharam-se nos olhos por um instante e não se reconheceram. E é então que esqueço de tudo e vou olhar nos olhos de minha bem-amada como se nunca a tivesse visto antes. É ela, Deus do céu, é ela! Como a encontrei, não sei. Como chegou até aqui, não vi. Mas é ela, eu sei que é ela porque há um rastro de luz quando ela passa; e quando ela me abre os braços eu me crucifico neles banhado em lágrimas de ternura; e sei que mataria friamente quem quer que lhe causasse dano; e gostaria que morrêssemos juntos e fôssemos enterrados de mãos dadas, e nossos olhos indecomponíveis ficassem para sempre abertos mirando muito além das estrelas.

(Vinícius de Moraes)

terça-feira, 11 de setembro de 2007

meu infinito particular!!!

ahhh eh ... o negocio vai ser muito divertido...rsrsr ....

bom...
entre o metodo catartico e o divã, eu escollhi o meio termo. o chamo de infinito particular.

um mentodo de analise psicologica, ou pq nao , so mais uma das minha inuteis ideias...kkk...e´bem provavel...

ele tem varios problemas que devem ser superados antes de adquirir uma forma eficiente...bom mas nada que nao pode ser resolvido no decorrer do tempo.

sábado, 8 de setembro de 2007

Masanobu Fukuoka. Da "agricultura natural" ao "reverdecer"
por Toni Marin

Sessenta anos junto à natureza lhe deram o saber para entender quem somos, o que devemos ser e o que temos que fazer no futuro para ser. A alma deste homem humilde (vive com sua aposentadoria), honesto, comprometido até às entranhas, camponês, poeta, filósofo, intelectual, ilumina as mentes e os corações de milhares de pessoas pelo mundo. É um revolucionário, um grande sábio.


Com seus livros e suas palavras nos faz pensar sobre nossa maneira de viver e nos indica o caminho e como chegar nele. Seu método revolucionário de agricultura natural, seu invento das "nendo dango" (bolinhas de argila em japonês) para converter desertos em bosques, seus livros, tudo o que diz e sua filosofia de vida o convertem sem dúvida em um personagem excepcional.

Sua filosofia de vida, faz-lhe feliz?

Se não tivesse me conectado à minha filosofia, há anos que estaria morto. Só existe uma coisa: que todo é um. Também descobri que não há nada que exista neste mundo, esta é a idéia que tenho perseguido. Tenho tentado entrar cada vez mais nos detalhes do mais profundo do NADA. A única grande idéia que tive aos 25 anos é que tudo é o mesmo.

Em geral seu pensamento está conectado com o NADA, “MU”, FAZER NADA. De acordo com este pensamento, até a educação é inútil. O conhecimento em si mesmo é algo que separa as coisas. Fukuoca diz "se utilizas este pensamento para separar o vermelho do negro, aprendeste a separar o vermelho do negro, mas nada sobre o vermelho ou o negro".

Como se explica que uma pessoa de sua idade tenha tal vitalidade?

Todo o secreto é que não me preocupo em absoluto com minha saúde. Talvez seja o fato de que há 60 anos decidi fazer-me de louco e fazer loucuras.

Crê que sua filosofia é transcendente?

(Sorri) Demasiado simbólico. Não sinto que seja assim. Sou um homem muito simples, muito normal. Meu grande privilégio foi ter descoberto que sou louco. Por isso não me sinto ofendido quando alguém diz algo estranho sobre mim, como tampouco me sinto maravilhado quando me elogiam. Penso que não tenho talento para fazer uma ONG. Por outro lado nunca vi uma organização funcionando bem, necessitam dinheiro e infra-estrutura para funcionar. Para reverdecer só são necessárias sementes e argila.

O que lhe pareceu a paisagem do Mediterrâneo desde a Grécia, Itália e Espanha (com a ilha de Mallorca)?

Também comparando com as paisagens africanas estas aqui são desertos rochosos, que serão muito difíceis de reverdecer. Às verduras, parece-me que lhes falta o sabor delicado. Creio que este sabor delicado que lhes falta é como se a natureza fosse muito simples e os nutrientes também. Parece que isso se passa com toda a natureza. À natureza falta-lhe vitalidade e esta deficiência se transmite aos alimentos e através deles, às pessoas. Não vejo variedades nos campos.

Que lhe parece esta paisagem tomada de oliveiras?

Parece ser a árvore que mais agüenta este clima. Uma árvore ideal para o deserto. E aqui é um deserto. Podes pensar que isso (o que vemos aquí) é a natureza tal qual. Numa área de uns 10 mts. só há cinco tipos de frutíferas diferentes. Com 30 tipos de frutíferas e que cada uma delas tenha 5 a 6 variedades poderíamos ter 150 tipos de fruta. Fazem 2.000 anos que se cortaram as árvores da floresta para se construir barcos. Começou a erosão e o avanço do deserto. Venho o deserto da Espanha para esta ilha (Mallorca). A agricultura moderna e a erosão são as causas para que este processo continue. Desapareceram a cultura e o uso dos bosques. A fome do mundo, a violência social e étnica. Estas coisas ocorrem porque se acelerou a destruição da natureza, se se perder mais uns 3% mais dela, o mundo se destruirá. Abri este livro (tem nas mãos um livro sobre a Mallorca e o mediterrâneo), demonstrando que é assim que o mundo pode chegar a ser. Sacrificar la natureza para o desenvolvimento de uma civilização. A civilização e a cultura vão em declínio e terminaremos neste deserto de pedra e terra. Este local deveria ser um bosque com árvores de 100 mts. Agora só nos resta a água armazenada nas pedras e esta é nossa última oportunidade.

Como solucionar a questão da fome?

O erro básico é quando o ser humano pensa que é ele que produz a comida. Por isso utiliza produtos químicos. As coisas que se faz para controlar a água, barragens, diques, é um erro. Parar o fluxo do rio, suja a água. A água ao fluir com as pedras é muito melhor, a água se purifica. O ser humano pensa que o problema se soluciona fazendo barragens, mas não faz nada para solucionar a falta de água. A água é produzida pela quantidade de folhas que há no solo. Este local está deserto não por falta d’água, mas sim pela falta de vegetação. Na Espanha, no Egito, na Líbia, tiram a água do fundo da terra, agravando o problema, ao tentarem puxá-la do fundo da terra. Destruindo liquens e folhas, pioramos a possibilidade de obter água. Tiramos a água do mar para produzir riqueza. Com este método cremos que estamos controlando a água. O trabalho que esse processo inclui realmente destrói a natureza. O homem queima madeira, carvão, urânio, crê que está criando mais e mais energia, mas está fazendo o contrário. A energia não serve para nada.

O que pensa das sementes híbridas?

Não. Não utilizo híbridos. Venho tentando explicar isso há uns 40 anos. Os japoneses não entendem porque só compreendem uma parte do problema, não sua totalidade. Quando falo do todo se converte em grande. Quando falo de algo concreto se torna pequeno. 60 anos buscando uma boa solução, um bom método, não encontrei. Tornei-me um pouco pessimista, agora tento explicar meus pensamentos com poemas. Si semeias sementes e lhe acrescentas fertilizante de um certo ponto de vista pode estar bem. Mas visto incluindo todas as partes pode o fertilizante ser um erro. Pode-se dizer que hoje em dia na raça humana para aqueles que crêem piamente na ciência que esta se converteu em uma religião. Faz 60 anos que cheguei ao conceito do “não fazer”. A única palavra em minha cabeça tem sido “UM”. Todas as coisas que tem valor realmente não existem. O conhecimento humano não tem nenhum valor, não tem valor a separação das cores, de algo que existe, que não existe.

Como imagina um livro para crianças?

A única esperança para esta situação são as crianças e talvez sejam os únicos sobreviventes. O problema está nos professores, pois eles podem criar mal-entendidos às crianças. Em uma palestra com estudantes na Univ. de Kioto, uma fala de duas horas, converteu-se em uma de 8 h. O tema principal da conversação foi que cremos que o professor de escola média é menos do que um de universidade. Este é um equívoco e me tomou 20 h. para explicá-lo e porque os seres humanos são muito mais estúpidos que os cães. O ser humano crê que tem a habilidade de saber conhecer, e isso não é certo. O ser humano tem dois olhos, os cães também, nós estamos pensando que vemos as mesmas coisas. Os cães e os gatos vêem uma coisa através dos olhos, e não fazem discriminação se é boa ou má, homem-mulher. Os gatos não vêem, é próprio dos humanos. O ser humano crê que conseguiu capturar a cor azul. O ser humano olha a montanha, o vale e vê cada um de uma maneira separada. Pensa que conhece a cada um separadamente. Os gatos e os cães vêem estes elementos, mas não separados. O ser humano dividiu a natureza em 4 partes, os cães as vêem como uma unidade. O ser humano crê que conhece a natureza, no entanto a única coisa que fez, foi dividi-la. O homem a fragmentou em 4 partes, pensando que realmente a conhece, mas não é verdade. Os cães e gatos conhecem-na verdadeira, os homens a dividem em partes. É como se tivéssemos um vaso e o rompemos em 4 pedaços. O ser humano observa um dos pedaços e pensa que é a totalidade, além do mais pensando que é mais inteligente que os cães e gatos que vêem a totalidade. Crê que conhece um ponto, uma linha, entretanto na realidade não conhece nem o ponto nem a linha. De acordo com as palavras de Sócrates: só sei que nada sei. Os seres humanos nem se quer conhecem-se a si mesmos. O único que sabemos é que o ser humano é diferente dos cães e dos gatos, e tendem a pensar que conhecem tudo.

Qual crê que é a razão de que só estudamos o pontual?

O problema se resolve admirando a totalidade. A razão do problema é que utilizamos o conhecimento científico e este é o verdadeiro problema.

Como podemos deixar de ver as coisas deste ponto de vista científico?

Quando o homem se afasta da natureza não pode sentir o coração da natureza. Quando pensamos em cobrar da natureza de forma científica isso é impossível. A razão porque a temos destruído é porque o que fazemos à ela, estaremos fazendo em nosso próprio benefício.

O que pensa dos cientistas?

Só pensam em fazer dinheiro. Utilizando o fundo de uma mina a 3.000 mts. Os cientistas do Instituto Fukuba estão pesquisando a antimatéria e estudos sobre supercondutores. Em uma piscina aceleram as partículas e observam como se comportam.

Aonde nos levarão estes experimentos? Porque buscamos coisas que já sabemos que existem? Porque buscamos coisas que já sabemos que não existem? Estes estudos podem ter algum valor?

Não se pode chamar progresso aquilo que não sabemos como pode acabar. Poderia chegar a resultados de uma força superior à bomba atômica. Se formos capazes de findar com estes experimentos, haveria dinheiro para salvar a África duas ou três vezes. A investigação da antimatéria pode se converter em a coisa mais perigosa que jamais existiu. É tão perigoso porque é somente algo antinatural. Hoje em dia podem ser geradas ratas maiores do que gatos. Imagina-se u ratão perseguindo um gato.

Isto é algo precioso ou monstruoso?

Esse momento está se aproximando. A montanha no rio e as ervas na árvore estão destroçadas. Aqui não existe Deus nem Buda. O humanos estão fragmentando a natureza em minúsculos pedaços.

Quando tempo ainda para a queda do ser humano se isso não se reverte?

No Japão a TV recorreu a cientistas de todo o mundo para discutir este tema e o que se disse é que nos restam 10 anos de vida. Eu avalio em uns 25-30 anos de vida. As coisas chegaram a um limiar. Em todas as questões que envolvem a natureza estamos em um ponto crítico. Penso que se perdermos mais uns 3% da vegetação a humanidade estará em perigo. Se perdermos estes 3%, perderemos a alegria da vida.

Por que perderemos a alegria da vida?

No Japão quando floresce a cerejeira a gente vai ao campo alegre, para ver sua flor, se senta embaixo das árvores e fazem festa. Estão felizes. Bebendo sakê admirando as flores. Quando as plantas florescem, produzem uma oxigenação isso produz ar puro. Se há muito ar puro estamos contentes e bebemos sakê. Se perdermos os 3% da natureza é igual a perder ar puro e perderemos o sentimento de dançar e beber sakê, e as pessoas se esfriarão. Creio que a melhor maneira de recuperar é atirar as bolinhas de argila. Estou dizendo para jogar fora os livros e deixar de pensar. Podes anotar o que quiseres desta entrevista, mas o último parágrafo deves colocar “esta entrevista não serve para nada”. Temos que semear as bolinhas de argila com rapidez porque não tem mais tempo. Depende de cada um de vocês para que isto seja um ponto de partida para o reflorestamento de todo o planeta ou nos restará somente reverdecer somente esta ilha. Não devemos deixar que esta ilha se converta no último paraíso. Aqui deve haver um paraíso para demonstrar para o resto do mundo com um reflorestamento de verdade.

O “nendo dango” é um experimento?

Não posso dizer que seja um invento, é uma imitação da natureza. Quando jogamos nendo dango , semeamos como Deus. Quando fazemos nendo dango temos que nos sentir que somos Deuses. Quando se faz os nendo dango estamos colocando alma na bolinha de argila. Que tipo de sementes devemos semear e quais não? Já não se trata de introduzir ou não espécies não autóctones, trata-se de “sobrevivência”. Tenho um plano de fazer uma olimpíada verde de repovoamento florestal para o Mediterrâneo. A Espanha, sobretudo, padece de um grave caso de desertificação.

Como podemos chegar à consciência das pessoas ante o problema de que a natureza está morrendo?

Vocês terão que inventar as palavras. Eu sou capaz de transmitir este pensamento em poucas palavras. Aqui nesta região da Europa há pouca água, portanto há que dançar e tocar o tambor para atrair a água.

Qual é o seu último projeto? O que está fazendo ultimamente?

Na Grécia com um grupo, estamos levando a cabo um projeto de reverdecer uma extensa área de 10 mil hectares desértica com a ajuda de 500 voluntários e espalhando por todo o espaço bolinhas de argila. Utilizaram 70 toneladas de argila e 12 toneladas de sementes, 5 toneladas de algodão e três toneladas de jornais. Todo mundo colaborou, daí não precisa de dinheiro nem organização. Eu dizia aos jovens: vocês têm que semear bolinhas com alma para que cresçam melhor. Quando semeias “nendo dango”, és como Deus.


Tradução livre de Luiz Jacques Saldanha, dezembro de 2005.

FONTE: http://www.nossofuturoroubado.com.br/12te%20fuku.htm

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Pêra

Olha a fruteira
Tem pêra
Mãe, posso pegar?

Claro, querida
Agarre uma sem ferida
É só abocanhar

Pêra mais doce
Textura de areia
Vou comer uma inteira
Não! Uma e meia...

Agora uma maçã.
Mas não é tão boa quanto pêra
Vou comendo com tanto afã
Que comi toda a fruteira

- Menina Saltitante -

Apoplexia


Com a intenção de aumentar a gama de percepções que se possa recolher em uma situação, o ato de se auto-observar diante de uma ocasião pode ser útil para desviar a concentração das atenções para si mesmo. Antes de mais nada, a busca pelo destaque em uma determinada situação pode ser um indício da perda de percepção e exaltação das próprias características, o estado apoplético induzido seria uma chance de se restabelecer e não se perder na busca pela satisfação do ego.
Para que se entenda melhor, debater sobre as percepções inclui na articulação da sensibilidade que um indivíduo possa desenvolver. Certas arestas de um todo podem ser vistas desde que o olho clínico seja tão apurado quanto o necessário. Não se trata de uma posição crítica a todo e qualquer viés que se possa direcionar a uma pessoa, mas sim, em uma maior flexibilidade para lidar com os momentos. Em outras palavras, seria deter o orgulho e perceber o mundo ao seu redor. Mesmo um tímido pode acabar se preocupando em não se mostrar tímido, ou mesmo não mostrar que está preocupado com sua timidez, porém sua escolha pela demonstração absorve parte de sua atenção quanto à sua presença e vela a sua percepção da vivência. Seria mais digno sentir o ambiente e seus movimentos do que encara-lo segundo a sua presença.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

tac

ouço o som do meu coraçao. som forte, marcado, facil de se perceber e ouvir. todos que aqui entram, tambem o escutam. é um som alto, forte, marcado, preciso. sai pouco do ritmo, e desperta quando quero. som do meu coraçao: tic-tac...tic-tac...tic-tac. é o som do tempo. o coraçao nao passa de um relogio ...de corda. viver nao é nada mais do que deixar o tempo passar.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

atrai

narcisica!
ela atrai...
ela atrai a si mesmo.
atrai...
ela ...
a ...trai!
traidora.
dor...
atrai!

manufatura

nao fabrico "só"...
bens de consumo,
fabrico maquinas,
fabrico mao-de-obra.
fabrico...
(e esse é o segredo do meu sucesso)
consumistas, clientes.
fabrico "gente".
eu fabriquei o sistema!

"agora eu fabrico o fabricante! sou a trema! sou o dominante! estou alem do fabricante! sou o seu emblema! sou o problema! mas nunca "Tema", tema!"
Qualidade garantida
Made in Sistema

felicidade sintetizada- cartao de plastico

ontem...
fui em busca da felicidade...
de outrem.
que surpresa!
nao tinha saldo,
nem limite.
parece...
que sem um cartao...
a felicidade nao existe.
pois bem,
estou ate agora infeliz.

Epigrama


Pítu, é cigarro
Pitú, é pinga
Tupí, é rádio,
mas com Guaraní,
vira língua.