quarta-feira, 30 de abril de 2008

alguem sabe como o caminhão funciona?
O diesel é inserido no pistão que sob pressão explode e gera o movimento sucessivo.
O homem mecanizado na busca por uma humanidade, ou seja, para se religar a sua natureza utiliza da mesma formula: Sob pressão intensa explode.
O condicionamento de nossos atos sob a mascara da rotina nos cega, e só vemos angustia e solidão em nosso futuro. A sistematização da nossa vida não nos oferece futuro, então nos entregamos a sonhos, e ao intretenimento entorpecente, isso faz passar o tempo e nos distrai frente ao vazio existencial que nos atormenta.
Estar rodeado de pessoas mas mesmo assim se sentir sozinho o tempo todo.
Ver todos ao redor sorrir mas nos olhos dessas mesmas pessoas perceber a frustração de uma vida anulada.
Quem é feliz?
Os olhos dizem muito mais do que qualquer texto. Ao ver os olhos de uma mãe ou um pai observar sua cria você percebe o que é felicidade. Esta tudo no brilho do olhar.
O dia chuvoso mostra tanta esperança quanto o dia ensolarado, depende apenas da perspectiva que você da a esse evento.
Tudo é extremamente relativo.
Tudo é vida, pois se sentimos, vivemos.
Uma flor para você. Essa retirada do meu sangue e do sangue de muitos outros atras de mim.
Você não quer gritar?
Não há mais catarse se você se rebelar contra si mesmo.
O amor vem antes de tudo de você.

terça-feira, 29 de abril de 2008

muito- muito menos(ja tinha ate esquecido como era)

"está deserto aqui dentro
mas está tão cheio lá fora
ninguém olha nos meus olhos
mas tantos esbarram em mim
tão poucos querendo me ouvir
mas tantos gritando ao redor

sou apenas eu
apenas um
não mais
talvez menos

cada dia... cada dia é um dia a menos.
um dia a menos em que penso menos;
passo menos tempo acordado;
tenho menos vontade;
divirto-me menos;
encontro menos;
eu como menos;
escovo menos;
durmo menos;
sinto menos;
falo menos;
vou menos;
e menos;
menos;


e pra nao dizeres que isso é o de menos:
cada dia eu tenho mais
mais vontade de viver menos."

segunda-feira, 28 de abril de 2008

"(...)quanto a falta de necessidade de tentar ser compreendida? bom...realmente parece vaidade. na verdade é vaidade. mas essas hipertrofias em relaçao ao amor proprio sao geralmente fracas e superficiais. tente dizer pro espelho que o ama. depois de algum tempo nao o ouvir correspondendo começa a fazer mau pra auto-estima."


_______
ouvir isso em qualquer circusntacia abalaria irremediavelmente o egoismo sentimental de qualquer um.
vejo certas pessoas dar à noçao de terrorismo poetico ao convivio sentimental com alguem de uma forma extremamente inteligente. nao por acaso gostaria de ter uma cartilha com todas as inumeras soluçoes para diversos problemas como este. pena que o autor de tais sentenças e ideias que correspondem ao terrorismo poetico em seu dominio privado, nao se interessa nesse tipo de coisa, e o faz casualmente.


pri.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Siga e consiga

cale a boca!...
pra eu também calar...
feche os olhos...
pra eu poder fechar...
pare o tempo...
pra eu ele não desperdiçar...
dance, dance, dance...
para um pouco de risada eu ouvir soar.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Em Relação à Afetividade


A atração do homem pela mulher é um fenômeno fatal, seja ela casual ou de fetiche, se estabelece como um trabalho a ser feito de ambos os lados até que descubram qual a finalidade de sua relação. O corpo, como símbolo intermediário para o conhecimento de outro ser, transmite suas características físicas e gestos que demonstram uma pequena parcela da personalidade de uma pessoa. Queira ou não, a aproximação com outro ser do sexo oposto ou igual, é carregado de desejos libidinosos que se manifestam como um motor propulsor para que algo aconteça: desde a atração sexual à atração sentimental.
A maneira como os casos se dão evoluem de acordo com a afinidade de um com o outro, e é o que sustenta a relação de amizade além do corpo de da alma, pois se tratando de relacionamento, é inevitável pensar como um convívio social também, próximo (por intimidade) ou distante (por aceitação).
A busca por um amor eterno, ou que dure anos, depende de pessoa para pessoa, o que não pode ser negado é que a promiscuidade traz consigo o peso de ser solitário e não se completar plenamente devido à falta do outro. A relação com a solidão que cada um possui com si pode determinar a sua ânsia por alguém, uns se completam com o convívio com o outro afetivamente e outros asseguram sua integridade unicamente. Casos em que nem um nem outro ocorrem sem dúvida são possíveis, porém cabe a estes citados ilustrar um sentimento talvez comum, se não o forem, o texto está servindo como um método catártico, rs.(sic)
Dado o início de um vínculo afetivo com outrem, o tempo revela os traços que essa relação possa ter. A mor por alguém pode ir além da ligação unicamente com o corpo. De um ponto de vista platônico, o amor se estabelece em um plano metafísico, palpável apenas por sentimentos singulares de uma pessoa para outra. A relação de convívio com a pessoa amada pode se encerrar em uma recusa ao corpo, posteriormente. Características como o nariz, a boca, os olhos, vão se desgastando até que a “primeira aparência” fisionômica perca sua validade e se torne um atributo material que não influencie nos sentimentos dirigidos à essa pessoa. Passando da visão platônica para a neoplatônica, a divisão entre amor e sexo se faz após a interrupção da idealização pela pessoa amada, o que é corpo é prazer e o que é sentimento é coração. Daí em diante, descobrir o que se quer depende do espírito de cada um. É impossível declarar que tenhamos que ter um “grande amor” para si a vida inteira, ampliando esse critério para âmbito universal. Fico aqui com a minha dúvida sobre como o “outro”(vocês) enxergam as relações afetivas e resumo aqui um “problema” do autor, por hora verídico: infidelidade sincera dentro de um relacionamento!

E por acaso, um excerto histórico sobre o tema que li após escrever esse supositório:


“O materialismo acadêmico não pode, pois, prevalecer contra experiências numerosas e decisivas, plenamente explicadas pela verdadeira teoria da natureza humana. Essa pretendida fatalidade sexual foi comumente superada, durante o conjunto da Idade Média, por todos aqueles que sofreram assaz a disciplina católica e cavalheiresca. Mesmo no meio da anarquia moderna, muitos exemplos individuais confirmam, ainda, a possibilidade de se conservar até o casamento um verdadeira pureza. Uma existência laboriosa e sobretudo o surto contínuo das afeições domésticas bastam de ordinário para prevenir tais perigos, que só se tornam realmente insuperáveis em alguns casos muito excepcionais, abusivamente erigidos em tipos por doutores alheios às lutas morais. Nossos jovens adeptos serão habituados, desde a infância, a considerar o triunfo da sociabilidade sobre a personalidade como o principal destino do homem. Preparar-se-ão a vencer um dia o instinto sexual lutando desde cedo contra o instinto nutritivo, que aliás, se liga naturalmente àquele pela contigüidade dos órgãos respectivos. Sabeis, enfim, que uma ternura profunda constitui sempre o melhor preservativo contra a libertinagem. Assim, a mãe acabará de garantir seu filho contra os vícios que temeis, dispondo-o a colocar dignamente as afeições pessoais que deverão fixar em seguida o seu destino doméstico, em vez de esperar que elas surjam bruscamente de encontros fortuitos.”
(“Catecismo Positivista”,Nona Conferência, Conjunto do Regime - Augusto Comte)


(eu não to intelectual não, é que aconteceu, merda acontece...)

terça-feira, 22 de abril de 2008

dezunidade

.1
um
dez
dois
cinco
quatro
catorze
quatorze
dezesseis
quinhentos

sábado, 19 de abril de 2008

ultima cançao para Mais(a) amor

letra:priscila dos santos.arranjo:priscila dos santos,tarsio vinicius.
.
no fundo da alma
assopra uma cançao,
que meu peito ouve,
ouve.
houve
.
uma vez de milhares chances
de tentarmos uma, duas, tres,
um caso de amor,
mas o que houve?
ouve,
ouve
.
a minha voz que canta
na memoria de nos duas:
beijos, abraços, em sóis, luas,
nuas,
......luas,
...........nuas,
.................suas
.
maos e afagos nao serao esquecidos.
temos uma a outra só em pensamentos.
amores corrompidos,
.................esquecidos os beijos,
corrompidos amores esquecidos.
.
no fundo da alma
assopra uma cançao,
que o meu amor ouve,
ouve.
houve
.
o meu amor. ouve
ouve.
houve
.
um amor, houve. ouve,
ouve.
houve
amor,
ouve.
houve,
houve
amor.
.
dói lembrar que nao há Mais(a).
dói lembrar que nao há Mais(a).
dói lembrar que mais nao há.
dói lembrar que Maisa nao há.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

monotonia semanal

s .......e...... g........ u........ n....... d....... a.

.

t......... e.......... r............ ç.......... a. .

.

q..... u....... a...... r........ t .......a.

.

q.... u..... i...... n......t.......a.

.

s... e.... x...... tasabadomingo.

.

s .......e...... g........ u........ n....... d....... a.

.

t......... e.......... r............ ç.......... a .

.

q..... u....... a...... r........ t .......a.

.

q.... u..... i...... n......t.......a.

.

s... e.... x...... tasabadomingo.

.

s .......e...... g........ u........ n....... d....... a.

.

t......... e.......... r............ ç.......... a .

.

q..... u....... a...... r........ t .......a.

.

q.... u..... i...... n......t.......a.

.

s... e.... x...... tasabadomingo.

terça-feira, 15 de abril de 2008

sem titulo

Cada gota que toca
me arrepia e exila no peito
só um lamento:
que enterra às milhares
os soluços que confundem o trovao;
a sensaçao fria escorrida pela pele;
os poros molhados
encerrados por gota a gota.
Uma a uma
se desprendem do céu escuro,
(com falta da luz
e sonhos que nao iluminam)
e na escuridao se perdem como na tempestade.
Uma a uma,
gota a gota
se desenrolam do rosto
ate o chao.
Do ceu ate a minha mão
incapaz de me proteger do frio,
dessa tristeza, da infelicidade.
Cada por si toma um caminho.
Sem pedir me tocam,
me prendem, me tomam.
No final me torno uma incapaz.
Invejo ser só mais uma
que se enlaça com outra,
e desenrola dos meus olhos
mais um caminho sem esperança,
ate sentir o gosto de chuva na boca,
uma a uma.
Gota a gota
o salgado confunde o doce,
as minhas com as outras,
minhas pobres lagrimas
com a solidao das gotas.

segunda chuvosa depois de um final de semana onde se cantou a tristeza.
pri. dos santos

quinta-feira, 10 de abril de 2008

incursao pirata em 'liliu et liricu' - final

O estuprador de ideias – se não bastasse o forte teor individualista que mexe com nossas cabeças, temos as inumeras brincadeiras psicologicas que ele nos faz sem permissao. O pior é que faz esse tipo de coisas mesmo sem nos conhecer. Pequena digressao: quando conheci o liliu(a pessoa, não o blog), estava eu e mais duas amigas numa prça. Ele estava acompanhado por um rapaz eu uma garrafa de conhaque(como ele diz: “presidente! O conhaque da gente!). O fato é que o texto que eu estava lendo, o “metodo 6” de Edgar Morin(acho que era esse), deu a ele uma bela desculpa para me roubar o texto(nao vai devolver?) e me deixar irritada com a taxacao de mimada, egoista, e femista. Voltando ao topico. Se não bastasse os textos que escreve para si mesmo, ainda temos os projetos 'estupradores'. Contabiliza-se entre eles: o “adamastor”, os seus “dicionarios”, e o meu favorito, “novela de aprazeres”(6). Percebi que muitos que muitos que mantem contato pelos blogs citam bukowski. Tambem adoro seu sexo desmedido estampado nas paginas de seus livros. Me surpreendo porem com nunca ler um comentario sobre ele feito pelo liliu. Tentando entender porque, arriscaria dizer que “novela de aprazeres” é não só baseado no tema de bukowski como tambem um contraponto e um ataque as sensaçoes que charles tenta imprimir nos leitores. Talvez seja esse o motivo do projeto: bukowski quase que nos obriga atraves da forma que escreve e descreve, ou nos excitar ou principalmente incitar, provocar. Algo que “novela de aprazeres” quer que façamos por nós mesmas. Daí a falta de enrolaçao ou descriçao dos fatos da historia. São so nomes e o que fizeram, deixando de lado qualquer coisa que pudesse nos influenciar a não ser o fato em si. As historias são contadas como em uma certidao de um cartorio, ou numeros na calculadora. Estao ali, e o autor não faz esforço em dizer o que aconteceu com palavras e contextos excitantes e tao pouco chocantes. Talvez querendo que isso saia por nos mesmos para assim poder ver nossa reaçao e as vezes ate julga-las(isso não pode negar).
Me extendi mais do que deveria na incursao em “liliu et liricu”. Não pensem que este tipo de analise é exclusivo deste autor, afinal, tentarei me exceder da mesma forma nas 'incursoes' em outros blogs.

(6)
novela de aprazeres – heitor

na mesa de black jack a soma das apostas era alta: dois pintos, 3 bucetas, e um cú. O que ganhou, Heitor, disse que o crupiê trapaceava.
.
.

pri.

incursao pirata em 'liliu et liricu' - segunda parte

O individualismo e o seu 'impar-romantico' – parte dos seus textos poderiam ser taxados de 'individualistas', e isso é claro para todos o que o leêm. O que se torna obscuro na leitura é como consegue fazer um ataque incessante contra o egoismo, e a enfase que dá nas potencialidades humanas, deixo uma analise desse tipo para os propensos argumentos psicologicos e filosoficos que ele tanto gosta de usar. Mas não vou deixar de transcrever o que me disse quando perguntei por que não acreditava em deus: “-nao é que não acredite em deus, mas não vou superestimar alguem que tem menos fé em mim, do que eu nele”. Longe desse assunto podemos passar ao seu 'impar-romantico'. Nada mais justo que estes entes são desfeitos, criados, controlados e descontrolados pela forma rebuscada com que ele lida com as palavras. Um raro exemplo do contrario é “chegou o dia”(3), onde a forma de poesia quase intelectual da voz a versos com forte presença sentimental que rompe em alguns instantes ate mesmo com a organizaçao das palavras e parece enxugar dos olhos do autor toda a emoçao do momento. O titulo ainda nos faz crer que ele esperava por isso. Mas é errado admitir que o eu-lirico do autor não consiga exarcebar suas emoçoes, pelo contrario, prefiro acreditar que essa manifestaçao de sentimento se dá de forma tao intensa que nada mais justo aplicar todo o seu conhecimento para expressa-lo de forma mais nobre possivel. Talvez nenhum exemplo seja mais nitido do que “urban”(4) e “ressaca”(5) da coleçao “reflexoes continuadas de areia”. Neles se vê sentimentos e habilidade numa verdadeira parceria – o 'impar-romantico'. (continua)

(3)
chegou o dia
http://dipersona.blogspot.com/2007/09/chegou-o-dia.html

(4)
reflexoes continuadas de areia – urban
.
essa solidao que sinto, transborda
.

a mare que ressaca a agua de sofrimento,
.
e o lamento do meu (a) mar, que
.
enche tal oceano, onde a melancolia
.
supera a rosa dos ventos, mais
.
que a propria Brisa, tao gelida
.
quanto os extremos dessa bussola,
.
que coordena para o confuso:
.
cardeal entre o silencio e o coraçao.
.
(5)
reflexoes continuadas de areia – ressaca
bate no pé de areia.
limpa das unhas essa terra.
arranca com os olhos o pó dos cilios.
.
prepare o sol quente, ardente.
queime pele sobre pele na sombra obscura.
aproveite as febres das macas(marcas) casuais.
.
atira-te no mar de cabeça pesada.
encha a boca com agua salgada
.
que desidrata e satisfaz
.
perca-se com o corpo no tormento
que no breve instante com o Vento,
.
virou ressaca.
.


incursao pirata em 'liliu et liricu' - primeira parte

pirataria em 'liliu et liricu' por priscila santos
Dominical-apaixonado
Em volta, tonto,
solto o ego afronto.
De volta, louco, denovo
cabeça de amor envolto.
Girando a 'béssa':
paixao, paixao, não espera,
dá voltas com pressa.
Sai, cai, corre, e respira.
Espirra, espirra
essa saudade que inspira
do tempo o ar
pra respirar
e não parar, parar de girar.
Envolto no tempo
que volto a mim,
volto aqui:
girando, afrontando o ego tonto
de paixao
de louco.
__________________________________________________________
Definir o estilo de qualquer um de nós poderia ser(e é) dificil em qualquer caso ou contexto. No caso de 'liliu et liricu' a tarefa se torna menos facil, não somente ao empecilho 'tempo', que faz com que qualquer estilo de qualquer autor se torne impossivel de ser analisado se não forem interpretados como fruto de uma constante evoluçao, mas tambem à forma 'experimental' como ele concebe seus poemas e projetos. Posso dizer que não consegui evidenciar um “estilo” nesse autor, mas em contraponto, posso descrever e analisar os temas tratados, assim como a sua vontade de encontrar um “experimental” diferente em cada projeto que se mostra independente. Atento ao fato de que se tomassemos seus temas ou suas incursoes como sendo “estilos” estariamos perdendo a riqueza que a analise em multiplos pontos de vista nos permitiria.

Rebuscamento morfologico, sintatico e semantico – caracteristica peculiar e muito bem trabalhada, o “uso” das palavras é algo muito aproveitado por liliu. Se percebe em alguns textos a tentativa de extinguir as inumeras possibilidades do uso delas. Nada mais esclarecedor para entender isto do que uma analise sintatica-estrutural do poema que escrevei acima tentando expor essas caracteristicas. O poema acima é basedo em “dominical-alado”(1), que na minha opiniao o autor conseguiu trabalhar muito bem no ritmo como em nenhum outro, tentei trabalhar bem o ritmo no poema, não priorizando as rimas, e sim utilizando(assim como ele) os recursos primarios da lingua portuguesa: os sinais de pontuaçao. É contraditorio lembrar-nos que na maioria de sua poesias(principalmente nas da fase dipersona) não existia preocupaçao com os sinais, e em algumas se observava o uso intensivo(talvez até exclusivo) das reticencias, e ainda sim se tinha os efeito desejados. Motivo: em alguns escritos o ritmo dado pela entonaçao e respiraçao era substituido pelas tonicas e rimas das palavras. Conciliar estes dois e mais formas de marcaçao de ritmo é algo que aprendeu bem. Em minha incursao creio ter pecado na rima em comparaçao com ele. Não por que seja melhor ou pior, mas devido apropria criaçao de algumas que desfazem o ritmo do poema. Coisa que imagino que ele não deixaria acontecer. As rimas com -AR abrem muito o ritmo, se distanciando fortemente do resto do texto. O “nao espera” no 6º verso tambem obriga uma forte queda na entonaçao, que força a quebra do andamento mais ritmico que vai do 1º ao 10º verso. De todas as caracteristicas a que mais gosto é a brincadeira semantica que se faz com as palavras e as vezes só com uma delas. Criando em cima dela um novo conceito, ou nos obrigando a ter em mente tres, quatro significados da mesma. Foi o que tentei fazer com a palavra “volta” e suas variacoes(“em volta”, “de volta”, “envolto”, “volto”). Exercicio é ler “se eu disser que acabou a inspiraçao”(2) com essa ideia de variadas conceitualizaçoes. As vezes(como em “se eu disser...”) todo o poema é feito só pra isso: dar ou explicar um conceito que foi ou sera usado em outros textos. Antes de terminar essa parte, devo explicar que não se percebe nos escritos dele um rigor na escrita ou nos vocabulos, pelo contrario, se vê uma clara insatisfaçao com as normas ditas cultas da lingua. O que da a entender que preferiria inventar uma nova lingua com os ditos erros, do que ser vitima do chamado preconceito linguistico.(continua)

(1)
Dominical-alado
em cada gesto-boca
solta o ego mais afronta.
de monte do movimento
tonta, tonta ela cai na terra.
se lavanta figura anda,
e boca, e a boca entoa
"crioulla" cançao que soa
soa e um pingo na roupa.

cesse. enternece, estremece, cesse

corpo inteiro,
alma em transe,
cabelo no bagunça.
e a minha "cala"?
que nao fala,
nao digo-te
te uma coisa
que nao digo.
nao por que nao
mas "pa" nao me crer
que me acredite.


(2)
se eu disser que acabou a inspiraçao
e quando falta inspiraçao:

doces versos que nao vem,
inebriantes vozes que nao escuto.
cantem ninfas,
quero ouvi-las sussurrar.

apelo para o pensamento
que nada novo de tem.
fiz das memorias
"sem-glorias" e versos.

companheiro meu
de oras e horas antes caladas,
o ritmo e rima
que demais nao sao mais expressos.

expira e transpira só vontade,
pois denovo algo nao vêm.
o que tem e me consola?
essa dor de sonetos contidos.

abandonas entao seu corpo
que usastes por pouco tempo. d
esfaça-me esse tal poder
que é o titero-poeta sem um fin.

como deixar-me pudeste?
musa de divina vida
que enriquece esse mero desumano,
o que fiz pra ti?

porque cala-te ate agora?
esse é o seu preço?
o silencio é o pagamento?
nao mereço tal resposta?

insiste em me desesperar.
e este zumbido branco.
e essa musica sem melodia.
onde termina sua puniçao?
e quando ela pouco responde:

deixe de dizer dores destes demais!
versos vão e vem, nao vê os de trás?
porque para pra pensar, pobre poeta?
dizer "pobre" versos, e pensar dores nao te aquieta?

do que lhe der, devolveras donde,
se voce vozes ouvir em versos?

e quando se cala:

pouco escuto de meus ouvidos,
menos ainda falo de minha boca,
e nada mais escrevo de minhas mãos.
tudo se foi! acabou a inspiraçao!

terça-feira, 8 de abril de 2008

deixe-me sozinho por hoje
os cigarros e cafés me bastam...
para pensar
andei por caminhos errados
por longo tempo...
e agora a chuva cai
em meus ombros cansados
de tanto tentar lutar, em vão...
que a correnteza me leve
para longe
para um oásis tranquilo
terra firme uma vez mais
por você parto agora
para que fique bem...
distante de mim que tanto errei...
que a chuva caia uma vez mais
até o amanhecer de um tempo
em que eu seja melhor
para mim...
um tempo em que possa voltar
se não para você...
ao menos que eu possa viver

CH

segunda-feira, 7 de abril de 2008

De arco & Flerte

Se eu te amo, não digo que te amo.
Se tu me amas, fingis que não me ama.
Se te quero, consumo só as migalhas.
Se você me quer, te dou tanto quanto suas migalhas.

Se te gosto? Magina que te digo...
Se você me gosta; imagino eu que sim!
Se nascemos um "potro",
Nem um, Nem outro vão saber.

Mas se me entrego...
Você guarda o meu amor
e parte para mais um;
...e eu caio no desuso!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

A Artesã Infante

Profissao de Fé
de Olavo Bilac

Não quero o Zeus Capitolino
Hercúleo e belo,
Talhar no mármore divino
Com o camartelo.

Que outro - não eu! - a pedra corte
Para, brutal,
Erguer de Atene o altivo porte
Descomunal.

Mais que esse vulto extraordinário,
Que assombra a vista,
Seduz-me um leve relicário
De fino artista.

Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.

Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.

Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.

Corre; desenha, enfeita a imagem,
A idéia veste:
Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.

Torce, aprimora, alteia, lima
A frase; e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima,
Como um rubim.

Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:

E que o lavor do verso, acaso,
Por tão subtil,
Possa o lavor lembrar de um vaso
De Becerril.

E horas sem conto passo, mudo,
O olhar atento,
A trabalhar, longe de tudo
O pensamento.

Porque o escrever - tanta perícia,
Tanta requer,
Que oficio tal... nem há notícia
De outro qualquer.
____________________________________________________________________________________________________________________

A Artesã Infante

me deixe só por hoje.
nao quero o gosto de café,
do inicio do dia.
tão pouco o trabalho que judia.

ignoro agora o cheiro que nao me larga:
cheiro de suor em madeira entalhada.
limpo o escuro que nao enobrece:
trabalho de fazer carvao, que (lhes)enriquecem.

quero esquecer de minha mãe,
oito irmaõs, e a falta de um pai.
que sou sustento da comida,
paredes de barro, e telha que cai.

vou enjoar do gosto da cana:
boia-fria de toneladas.
sol de cada dia que engana,
enxadas em maos encaladas.

nao ouço mais o barulho dos carros:
cada 'nao', 'sim', ou 'coitado';
o 'tenho doce', 'salgado' e 'cigarros'.
'compra senhor?'. '-desculpe, sem trocado.'

sem mais homens que me metem.
autoridades que mentem.
meu sexo a venda em pontos turistas:
minha voz em silencio, de quase mulher, perdida.

nao necessito de mais futuro,
ja me basta esse meu decimo quarto aniversario.

e se alguem me disser:
"-tem muito ainda pra viver."

os meus olhos molhados replicarão:
o tempo de vida que ainda tenho,
é muito,
para o pouco de esperança que me resta.