quarta-feira, 23 de abril de 2008

Em Relação à Afetividade


A atração do homem pela mulher é um fenômeno fatal, seja ela casual ou de fetiche, se estabelece como um trabalho a ser feito de ambos os lados até que descubram qual a finalidade de sua relação. O corpo, como símbolo intermediário para o conhecimento de outro ser, transmite suas características físicas e gestos que demonstram uma pequena parcela da personalidade de uma pessoa. Queira ou não, a aproximação com outro ser do sexo oposto ou igual, é carregado de desejos libidinosos que se manifestam como um motor propulsor para que algo aconteça: desde a atração sexual à atração sentimental.
A maneira como os casos se dão evoluem de acordo com a afinidade de um com o outro, e é o que sustenta a relação de amizade além do corpo de da alma, pois se tratando de relacionamento, é inevitável pensar como um convívio social também, próximo (por intimidade) ou distante (por aceitação).
A busca por um amor eterno, ou que dure anos, depende de pessoa para pessoa, o que não pode ser negado é que a promiscuidade traz consigo o peso de ser solitário e não se completar plenamente devido à falta do outro. A relação com a solidão que cada um possui com si pode determinar a sua ânsia por alguém, uns se completam com o convívio com o outro afetivamente e outros asseguram sua integridade unicamente. Casos em que nem um nem outro ocorrem sem dúvida são possíveis, porém cabe a estes citados ilustrar um sentimento talvez comum, se não o forem, o texto está servindo como um método catártico, rs.(sic)
Dado o início de um vínculo afetivo com outrem, o tempo revela os traços que essa relação possa ter. A mor por alguém pode ir além da ligação unicamente com o corpo. De um ponto de vista platônico, o amor se estabelece em um plano metafísico, palpável apenas por sentimentos singulares de uma pessoa para outra. A relação de convívio com a pessoa amada pode se encerrar em uma recusa ao corpo, posteriormente. Características como o nariz, a boca, os olhos, vão se desgastando até que a “primeira aparência” fisionômica perca sua validade e se torne um atributo material que não influencie nos sentimentos dirigidos à essa pessoa. Passando da visão platônica para a neoplatônica, a divisão entre amor e sexo se faz após a interrupção da idealização pela pessoa amada, o que é corpo é prazer e o que é sentimento é coração. Daí em diante, descobrir o que se quer depende do espírito de cada um. É impossível declarar que tenhamos que ter um “grande amor” para si a vida inteira, ampliando esse critério para âmbito universal. Fico aqui com a minha dúvida sobre como o “outro”(vocês) enxergam as relações afetivas e resumo aqui um “problema” do autor, por hora verídico: infidelidade sincera dentro de um relacionamento!

E por acaso, um excerto histórico sobre o tema que li após escrever esse supositório:


“O materialismo acadêmico não pode, pois, prevalecer contra experiências numerosas e decisivas, plenamente explicadas pela verdadeira teoria da natureza humana. Essa pretendida fatalidade sexual foi comumente superada, durante o conjunto da Idade Média, por todos aqueles que sofreram assaz a disciplina católica e cavalheiresca. Mesmo no meio da anarquia moderna, muitos exemplos individuais confirmam, ainda, a possibilidade de se conservar até o casamento um verdadeira pureza. Uma existência laboriosa e sobretudo o surto contínuo das afeições domésticas bastam de ordinário para prevenir tais perigos, que só se tornam realmente insuperáveis em alguns casos muito excepcionais, abusivamente erigidos em tipos por doutores alheios às lutas morais. Nossos jovens adeptos serão habituados, desde a infância, a considerar o triunfo da sociabilidade sobre a personalidade como o principal destino do homem. Preparar-se-ão a vencer um dia o instinto sexual lutando desde cedo contra o instinto nutritivo, que aliás, se liga naturalmente àquele pela contigüidade dos órgãos respectivos. Sabeis, enfim, que uma ternura profunda constitui sempre o melhor preservativo contra a libertinagem. Assim, a mãe acabará de garantir seu filho contra os vícios que temeis, dispondo-o a colocar dignamente as afeições pessoais que deverão fixar em seguida o seu destino doméstico, em vez de esperar que elas surjam bruscamente de encontros fortuitos.”
(“Catecismo Positivista”,Nona Conferência, Conjunto do Regime - Augusto Comte)


(eu não to intelectual não, é que aconteceu, merda acontece...)

2 comentários:

tarsio vinicius disse...

so um texto desse pra trazer a vontade de terminar o "fonte dos desejos". e vou termina-lo em sua homenagem mano... e alem de tudo ele tambem vai fazer voce refletir um pouco sobre moderaçao( fiquei sabendo que voce esta precisando um pouco hein)

Anônimo disse...

quanta profundidade e esclarecimento!
tenho de correr!!!!!!!!!