quinta-feira, 18 de outubro de 2007

contos inacabados parte VIII

Essa noite sonhei com ele, foi estranho...pois não dormia. Um silencio interminável existia entre nós, nada declarado, nada antes mesmo combinado. Apenas nos olhávamos curiosos por nós mesmo, cada movimento...cada respiração...em compassos. Ele levantou-se e estendeu-me seus longos braços e sorriu. Um sorriso por mim conhecido e sem mistérios. Apenas um sorriso. Deparei-me diante de mim mesma naquele interminável sorriso. Passos mudos e silenciosos me restaram. Caminhamos por entre ruas antes conhecidas e por esquinas tão semelhantes a outras esquinas. Sombras e ausência delas. Um ao lado do outro não sabíamos bem ao certo pra onde iríamos, apenas caminhávamos. Ofereceu-me um cigarro e com um sorriso novamente acendeu o seu e me ofereceu fósforos meio que encharcados, úmidos de suas mãos. Era um silencio barulhento. Passos inconstante e agora um cigarro sem gosto. Esgueiramos-nos de nossos temores e de todos os olhares que sempre nos acompanharam.
Achamos um banco, um banco desses qualquer de praça. Sentamos e ele me deu algumas flores mortas, as crianças corriam ao longe e podíamos ouvir seus sorrisos. Não haviam motivos, nem distrações pra sentarmos ali. Apenas eu e ele, ele e eu. Com seus braços envolta de mim, olhávamos as estrelas e no silencio nos comunicávamos por sinais e emblemas que passavam. Em meus pensamentos passavam inúmeras estrelas cadentes recheadas de conflitos e perguntas sem sentido. Por um instante não me senti só. Minhas pernas se encolhiam e sentia frio, um frio insuportável. Ele ao perceber que encolhia-me naquele banco apertou-me entre os braços e proferiu uma única palavra: “VEM...” e nada mais. O frio dentro de mim se encolheu naquele mesmo instante e passei a ver seus olhos. Como se estivesse encantada, seduzida me ergui e com o corpo dele colado ao meu dançamos ali mesmo. Me senti livre, mas meus pés ainda assim estavam presos, minhas asas não se libertaram e não podia voar. Enquanto dançávamos pairávamos no ar e senti que as correntes me puxavam pra baixo. Dor, muita dor e a necessidade de fugir daquelas amarras me traziam angústia. Fiz força, o sangue escorria pelos meus tornozelos... me soltei a custa de muita dor, dor. Voamos e me encontrei. Eu e ele éramos um só. E sabíamos pra onde ir. Sorrimos novamente. Mas agora sem receios. Encontrei-me, pensei. Ele era eu, não sei como, mas era. Minha transfiguração, minha metamorfose perfeita. Sons e sorrisos passei a ouvir e os passos fizeram barulho. O horizonte era o limite. Sorrindo o beijei e sentir beijar a mim mesma. Chorei convulsivamente, mas diferente das outras vezes não me senti triste. Meus pensamentos fluíram e minha mente foi além...
Um trovão e chuva. Abri os olhos assustados.
Ainda estava no banco, sozinha.

3 comentários:

crocherrimo disse...

????????
não li as outras partes desse conto, mas gostei desa!!!

Anônimo disse...

ih, olha quem taí

Anônimo disse...

rsrsr...tao agregando mais...