não teve visita no parto.
Não teve quarto, não teve berço.
Não teve pai que partiu cedo.
Não teve brinquedo.
Não teve tempo de jogar bola.
Sem saber ler e escrever era uma vítima fácil.
A carta na manga de mais um deputado.
Quantas vezes passou fome?
Anêmico, perambulando pelo centro da cidade.
Quantas noites com dor de dente e resfriado, nunca lembrado.
Ele teve a carroça como cruz e a honestidade como pecado.
Andarilho em busca de sonhos contrariando a estatistica.
Pela profecia da vizinha não passaria dos trinta.
Cuidado, revoltado, agora ele anda armado.
Está sempre com um volume debaixo do braço.
Não é revolver, nem é a bíblia.
É Dicionário.
chapolin
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
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