quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Pagador de promessas

não teve visita no parto.
Não teve quarto, não teve berço.
Não teve pai que partiu cedo.
Não teve brinquedo.
Não teve tempo de jogar bola.
Sem saber ler e escrever era uma vítima fácil.
A carta na manga de mais um deputado.
Quantas vezes passou fome?
Anêmico, perambulando pelo centro da cidade.
Quantas noites com dor de dente e resfriado, nunca lembrado.
Ele teve a carroça como cruz e a honestidade como pecado.
Andarilho em busca de sonhos contrariando a estatistica.
Pela profecia da vizinha não passaria dos trinta.
Cuidado, revoltado, agora ele anda armado.
Está sempre com um volume debaixo do braço.
Não é revolver, nem é a bíblia.
É Dicionário.

chapolin

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